sábado, 11 de maio de 2019

Conexão ancestral

                             (Prato chinês)

Si Fu, Mestre Sênior Julio Camacho, certa vez estava explicando que a cozinha chinesa tem o hábito de preparar diferentes tipos de alimentos ao mesmo tempo, isto demanda uma atenção extra uma vez que cada alimento tem seu próprio tempo para cozimento, por isso, há um timming certo para adição dos ingredientes. O espaço para erro é reduzido, pois se no último ingrediente o cozinheiro errar o tempo de preparo, há risco de perder o prato inteiro.


(Celebração da cerimônia de Baai Si de Carmen Maris e Rafael Pombo)

Diversas vezes tive a oportunidade de ir a um restaurante com a família Kung Fu, nestes momentos vivi diversas experiências por conta da dinâmica de uma “mesa Kung Fu”. Servir e ser servido é uma arte de discrição e, mais uma vez, timming. Quando morei em Angola, no ano passado, tive que aprender a fazer minha comida, eu, que no Brasil mal sabia cozinhar um ovo. Nesses momentos não pude deixar de lembrar do Si Fu e suas histórias sobre culinária chinesa, o timming para cozinhar, cortar os alimentos, inseri-los na panela é preciso. Eu, com muito custo, tentei desenvolver esta arte.


(Patriarca IP Man)

No Mo Gum nós temos um espaço dedicado aos ancestrais, a materialização da nossa história através deste espaço tem uma função prática fantástica, pois desta maneira estamos de alguma forma em contato com eles e podemos usar suas histórias como exemplo. Já ouvi Si Fu contar histórias de vários de nossos ancestrais, dentre elas, acredito que uma específica do Si Jo IP Man se assemelha a minha no momento atual. Si Jo no início de sua prática jamais teve a intenção de se tornar Si Fu, sua vocação era apenas a prática da arte, o que desenvolveu com maestria. Imagino que isto se deva a proposta do Kung Fu de independente do que fizermos, devemos fazer com arte. Nunca tive pretensão de cozinhar, mas já que é este o desafio apresentado devo vive-lo e, claro, usando Si Jo IP Man como inspiração pois como a história dele conta, nunca sabemos o dia de amanhã.


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