sábado, 20 de julho de 2019

Faat

(Mestre Leonardo Reis)


Sempre tive contato técnico com Si Hing Leonardo, sobretudo no meu início no Ving Tsun. Lembro de ficar impressionado com sua habilidade e seu sorriso acolhedor. 


(Família Reis, visita ao Núcleo Barra)

Ainda no início de minha prática, a convite de meu Si Fu, Mestre Sênior Julio Camacho, participei com Si Hing Leonardo da prática infantil. Na época, ele era um dos coordenadores deste estudo no Núcleo Barra.

Sem dúvida era uma excelente experiência marcial. Minha dificuldade com as crianças era enorme; para ter respeito eu achava que precisava ser duro e não podia deixar as crianças se desenvolverem à sua maneira, que era muitas vezes brincando.

Após as práticas, mesmo muitos anos depois, Si Hing Leonardo faz questão de me lembrar da rigidez constante que tenho em lidar com alguns assuntos, não esquecendo de mostrar seu sorriso acolhedor. Si Fu, Mestre Sênior Julio Camacho, também faz questão de me sinalizar

(Luana Reis,Filha do Mestre Leonardo Reis)

Duas crianças me ajudaram a me tornar profissional no âmbito das artes marciais. Uma delas chama-se Rafael, e se não me engano, seu sobrenome é Bastos. Seu temperamento difícil e sua habilidade em contrariar causaram em mim experiências que lembro com carinho.

A outra chama-se Luana Reis. Em alguns momentos, após ter estagiado nos Núcleos Méier e Barra, eu ficava responsável pela prática infantil. Umap das crianças, a Luana, era aquela com quem eu mais tinha dificuldade de lidar. Meu jeito “duro”, talvez autoritário, não ajudava a Luana a conectar comigo, a ponto de muitas vezes ela ficar entediada com a prática.

Certa vez, na prática, só havia ela. Não sabendo o que fazer para conectá-la à dinâmica, resolvi deixá-la. Si Fu viu e veio conversar comigo. Sabendo do motivo, me deu uma bronca tremenda. Claro que eu não podia abandoná-la, mas a maneira como Si Fu abordou o tema fez ficar mais claro o motivo.

Ele disse que a arte marcial é a habilidade de conectar com qualquer pessoa. As dificuldades existem, mas em nenhum momento devemos fugir delas. Se minha dificuldade na época era lidar com crianças, ele me ajudaria, mas de maneira alguma eu deveria abandonar um praticante. Hoje, trabalho com as crianças com a mesma tranquilidade e, sobretudo, o mesmo respeito com que trabalho com os adultos.

Foi maravilhoso rever a Luana e lembrar desta história, maravilhoso ver quanto ela está madura, maravilhoso reviver momentos com meu Si Fu em um passado que de certa forma estava apagado de minha memória. Depois de tantos anos é maravilhoso rever pessoas que significaram tanto para o seu crescimento pessoal.

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