(Patriarca Moy Yat e Mestre Senior Julio Camacho, década de 90)
Caminhar junto tem uma espécie de mágica: é preciso entender como não andar rápido ou devagar demais, estar atento à dinâmica do caminho para que não ocorra nenhum acidente e, sobretudo, desenvolver Kung Fu.
(Com mestre Senior Julio Camacho, 2019)
Neste dia Si Fu estava saindo do Mo Gum e perguntei se poderia acompanhá-lo até a portaria. Tive uma resposta positiva, por isso recolhi todas as suas coisas e descemos. Si Fu, que estava com pressa, viu que o Uber demoraria 15 minutos para chegar. O trânsito estava caótico. Voltamos para o Mo Gum e deixamos tudo que havia de mais valor e que não era essencial para aquele momento. Si Fu me fez uma pergunta que fez com que tudo mudasse: “A agenda do núcleo permite que o André fique sozinho por um tempo?” Nós iríamos andando para sua casa. Partimos para a portaria novamente, a passos apressados e com um clima bem descontraído. Si Fu me explicava que Kung Fu é a habilidade de se adaptar a qualquer situação e não se vitimar. No fundo Si Fu mais que me explicava: eu estava vendo na prática como isto acontece.
Cruzamos o canteiro e as pistas que separam o condomínio O2 do CasaShopping em 5 minutos, sempre na diagonal, pelo que percebi, crucial para evitar assaltos, e a passos rápidos. Nossa conversa ainda girava em torno da importância de se aproveitar da situação. Si Fu me explicou que só por ter havido uma situação adversa tivemos a oportunidade de ter mais tempo juntos, conhecer um caminho que nunca havíamos feito e, como já dito, não se vitimar. Afinal de contas o Uber existe há pouco tempo, e é claro que o avanço tecnológico facilita, mas quando ele não é capaz de agilizar devemos lembrar que a tecnologia nos ajuda a viver, mas não nos faz viver.
Cruzamos o CasaShopping por um caminho escuro, contudo seguro. Ao sair por uma porta lateral, que também descobrimos na hora, topamos com uma passarela. Em outras palavras, em 17 minutos estávamos do lado da Av. Ayrton Senna que dá acesso ao Recreio dos Bandeirantes.
Continuamos andando. O trânsito agora estava intenso, mas se movendo. Si Fu mais uma vez pesquisou no aplicativo do Uber. O valor até sua casa já estava menos que a metade da última vez que pesquisou e o tempo de chegada também reduzido, mas ainda assim Si Fu decidiu continuar caminhando, até porque, ele comentava, ainda não estamos em um ponto seguro para parar e aguardar.
Si Fu imaginou que um caminho à nossa direita que dava acesso a uma rua com vários hospitais poderia ter passagem para o Recreio. Justamente por ter tantos hospitais, não poderia ser uma rua sem saída. Mais uma vez ele estava certo. Paramos em frente a um dos hospitais e, mais preocupado com minha volta do que satisfeito com o tempo do Uber, ele resolveu aguardá-lo. Mais tarde ele me mandou uma foto de dentro do Uber, com o trânsito à sua frente totalmente livre.
(Com Mestre Senior Julio Camacho)
Essas semanas têm sido bem pesadas para mim, com tensão e pouco sono. Meu contato com Si Fu é diário e Si Fu parece que não cansa.
Sempre tive um respeito muito grande pelo Si Fu a ponto de muitas vezes me esconder por medo de falar na frente dele ou ter uma atitude inadequada. Por isso, a tensão quando Si Fu está por perto é demasiadamente grande. Nada disto é impeditivo para a construção do meu Kung Fu. Conhecendo Si Fu, digo que isto é até dispositivo, pois meu medo de errar é tamanho, que acabo errando coisas básicas, o que comprometem todo o processo. Mas essas semanas, apesar do cansaço, foram um pouco diferentes. Broncas eu tomei, várias e desconfortáveis, mas sobretudo fiz algo que acho que nunca fiz por completo: entreguei resultado.
Essa caminhada noturna me pareceu um marco — palavras leves, sorriso nos olhos de ambos, e ainda assim aprendi Kung Fu, sem desconforto. Quem sabe, espero que sim, eu virei a tão comentada “chave”.
Essas semanas têm sido bem pesadas para mim, com tensão e pouco sono. Meu contato com Si Fu é diário e Si Fu parece que não cansa.
Sempre tive um respeito muito grande pelo Si Fu a ponto de muitas vezes me esconder por medo de falar na frente dele ou ter uma atitude inadequada. Por isso, a tensão quando Si Fu está por perto é demasiadamente grande. Nada disto é impeditivo para a construção do meu Kung Fu. Conhecendo Si Fu, digo que isto é até dispositivo, pois meu medo de errar é tamanho, que acabo errando coisas básicas, o que comprometem todo o processo. Mas essas semanas, apesar do cansaço, foram um pouco diferentes. Broncas eu tomei, várias e desconfortáveis, mas sobretudo fiz algo que acho que nunca fiz por completo: entreguei resultado.
Essa caminhada noturna me pareceu um marco — palavras leves, sorriso nos olhos de ambos, e ainda assim aprendi Kung Fu, sem desconforto. Quem sabe, espero que sim, eu virei a tão comentada “chave”.
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